domingo, 29 de agosto de 2010

O presente
Fechava os olhos, mentalizava o pedido e soprava a vela com entusiasmo. Para falar a verdade, a pressão do momento juntamente com a escolha de apenas um desejo dentre tantos me atrapalhava. E como era de se esperar de uma criança, os brinquedos prevaleciam. A tão sonhada bicicleta ocupava posição de previlégio na escala de prioridades. Nunca me senti frustrada com a espera, porque no íntimo eu sabia que a ganharia. Acreditava piamente que sonhar era uma maneira de olhar o objeto de desejo mais de perto. Mesmo sendo uma criança comum, o mundo material não me fascinava. Sim, queria presentes. Mas não me entristecia com a falta deles.

Vinte seis vezes soprei as velinhas e a cada ano mais complexo ficava decidir o que desejar. Era mais simples ser criança e ficar dividida entre bonecas e bikes. A maturidade nos exige mais precisão, objetividade. E as prioridades não são mais tão ingênuas. Mas minha lista ficava cada vez mais abstrata e subjetiva com o passar do tempo. Muitas vezes achei que poderia ser mais ousada, mais ambiciosa. E tudo que não era palpável resistia e permanecia na listinha.

Prestes a repetir o ritual , não sei exatamente que presente seria perfeito nesse momento. Na dúvida fico com o mais significativo : Sentir a cada dia que estou cumprindo o que me foi destinado : tocar vidas de alguma maneira. Com minhass palavras, com meus atos ou simplesmente com meu olhar.

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