sábado, 3 de novembro de 2012


Da próxima vez quero que os sóbrios me amem.  Embriagados sofrem de aminésia  depois que o álcool vira vapor.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Eu poderia mandar um beijo numa carta, num email. Poderia por no correio, mandar um recado, dar um sinal. Mas duvido que você não saiba da minha saudade e sua vaidade me faz tanto mal.
Hoje não vou postar um poema, crônica ou conto . Vou  apenas escrever as minhas inquietações. Nunca fui boa com diários. Nunca soube o que exatamente falar, então desculpe a minha  falta de jeito. Sabe quando você olha ao seu redor e tudo parece encenação ? Não sei bem  em que ato estamos, mas estou certa que  nada do que vejo correponde  a realidade. Olhares desconfiados, sorrisos forçados, um desconforto no ar . 
Acho que estamos cada vez mais  uma ilha , isolados, cercados em nossa própria existência.

Somos capazes de conviver  diariamente com alguém por meses, anos e ainda assim sermos estranhos. Acho que sou eu que ainda não aprendi a manter uma distância segura das pessoas. Não aprendi a ser hermetica. Falo tanto de mim como se fosse necessário. Será que sou um personagem também ?

Tem coisas que eu não entendo. Como posso conviver tanto com alguém e nem ao menos saber qual a sua cor favorita ? Não saber como foi seu dia, se dormiu bem, quais são seus medos e planos pro futuro ?  Acho que as relações na infância e na adolescência eram  mais genuinas. Dizíamos menos que amávamos nossos amigos, mas de fato a gente amava pra caramba, pra não dizer outra coisa. Era tudo muito mais transparente. Eu via o outro e ele me via também. Era uma troca.

Hoje tudo parece tão encenado. Me desculpe, mas parece.As pessoas estão ali do seu lado, mas de fato não estão ali. Omitem-se, escondem-se, ocultam-se. As conversas resumem-se a: hum, sei, pois é, aham, esquece. Sei lá, é estranho. A gente sai de uma multidão de risadas para chorar sozinhos. Somos desconhecidos amigos. 
Eu confesso que fico irritada porque parece mais fácil para alguns soltarem palavras desagradáveis acompanhadas de um sorrisinho amarelo do que elogiar algo de bom que alguém fez. É a  famosa sinceridade , a roupa preferida da grosseria. E aí os dias vão seguindo. Trocamos tudo, objetos, conhecimento, bobagens, farpas, menos a alma.

Cara, eu acho que sou uma louca. Concordo que a verdade não tem nada a ver com fogos de artifícios. Mas sei lá, queimar um pouco é bom. Deixar um segredinho escapar, mostrar um pouco as próprias insanidades. Percebo que está todo mundo contendo o próprio ''eu'' com medo sabe-se lá do que. E o  resultado disso ? Relações insosas, amizades mornas, superficialidade.

Eu não sou exemplo, não sou semi-deus, não sou infalível. Mas duvido que não saibam ao menos qual a cor que mais gosto. Se isso é bom não sei. Tudo que sei é que  relações amigáveis se constroem com confiança mútua, porque como costumo dizer, até pra ter inimigo é necessário reciprocidade.