sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
terça-feira, 12 de outubro de 2010
sábado, 9 de outubro de 2010
Que a palavra for capaz
De me tocar
Se orgulho satisfaz
Eu rejeito a tua paz
Ousa-me, desafiar
Eu vou arrancar essa ironia dos teus olhos
Eu vou desfazer esse sorriso do seu rosto
Dá-me tua fúria, me provoca que eu provo
Como gosto do teu gosto
Eu vou adentrar essa loucura que te toma
Me apossar e te fazer sair do coma
Não tenho medo de tuas trevas que me leva
Ás profundezas desse drama
Te rastreio no escuro
Teus segredos tão desnudos
Quero inflamar
Me perder em teu bioma, invadir tua entranha
Deixa eu te desafiar
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
Poque o início caminha para um desfecho
Assim como o pretérito foi presente
Tudo que surge um dia finda
Adia-se ao máximo a despedida
Cogita-se formas de ludibria-la
Aumentando o tempo com vazios
Eternizando minutos e segundos
A angústia de quem não quer perder
Funde-se com a certeza do adeus
Sem saber que ele é tão vil e cruel
Que sorrateiramente deixa a ausência
Como um sinal daquele que partiu
sábado, 2 de outubro de 2010
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
sábado, 25 de setembro de 2010
Um pouco de café
A vista turva ,embaçada,
A barba por fazer
É madrugada
Nem sabe o quer
Apenas sente o desejo
Acende o cigarro
Esquece os beijos
Entre elas e os papos
Os retratos e os tratos
Nas trevas de um quarto
Onde oculta os fatos
E tudo entedia
Entre lapsos de mémoria
Me chama, me toma
Muda a história
Burla o orgulho, engana o sono
Fecha os olhos e sente
Me esconde, me guarda
Só para si ele mente
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
Não tenho pressa
Em roubá-lo
E tomá-lo
Num ato de posse
Te fazer presa
É o teu fôlego que eu sondo
E o que propronho
Não seria trégua
Nem entrega
Mas um duelo de insitntos
De olhare famintos
É o teu fôlego
Que eu quero sentir
E assim possuir
Aquilo que me pertence
A tua luta, teu desafio
Rejeito tua paz
A tua fúria é o meu brio
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
Já morri inúmeras vezes. Se fosse contabilizar ( considerando toda a minha existência), iria precisar de muito tempo. Engana-se quem em suas conjecturas, pressupõe que só há uma forma de falecer. A morte não é apenas o fim da matéria. Todos os dias morremos. Diariamente somos atingidos de maneira fatal por olhares furiosos, tristonhos, opacos, frios, indiferentes. E como mísseis precisos atingem a alma.
Algumas outras vezes, são as palavras que corroem com o pior dos ácidos: o desprezo. Abraços negados e sentimentos rejeitados como lâminas dilaceram o âmago. Todos os dias morremos. Quer seja homicídio ou suicídio. Sim, suicídio. Também ingerimos gotas letais de nosso próprio veneno. Com orgulho exarcebado e arrogância desmedida nos autofalgelamos. Todos os dias matamos.
E o curioso é que tememos perecer como se esse fenômeno fosse incomum, desconhecido. Ignoramos o fato de que o '' deixar de respirar'' faz parte da vida e fingimos não saber que é contra a natureza da alma ferir outras almas . Lamentamos o adeus eterno com tanto pesar que chega a ser ironico. Pois cotidianamente matamos o que há de mais belo nas pessoas: a essência.
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
Todo discurso é inútil. Toda a fala é vã. Quem profere palavras anseia que elas toquem com a mesma intensidade dos sentimentos que as produziram. Quem as recebe, seleciona o que lhe parece relevante e despreza o que aparenta não ter significado algum.
E no desejo desesperado de se expressar dizemos implicitamente : ''me ouça, me olhe, me toque, me sinta''. Mas é como se tudo fosse inaudível ao outro. A comunicação acontece parcialmente, as tentativas frustadas nos remete á monólogos, sem espectadores.
Daí, recorremos a outros meios de extravasar. Creio eu que por esse motivo foram criados os diários, os livros e os blogs. Para que ao nos recolhermos em nossa insignificância aparente, pudéssemos falar a nós mesmos, que somos nossos melhores receptores.
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
A ingenuidade do que sentia era compatível com a inocência dele. Era noite. Poderia ser mais perfeito? A mémoria apenas reforça agora o que sempre tive convicção: a escuridão noturna me rege. Eu não queria nada, nem que ele me visse , nem que me conhecesse. Desejava apenas observá-lo e dessa maneira já era perfeito demais.
Recordo- me da música que celebrou nosso encontro. Aliás, eu o encontrei, ele nunca me encontrou . Tomei posse da sua existência naquele momento. Uma vida que passou a me pertencer eternamente. Menino alvo de cabelos negros, que ao som de uma melodia nada apropriada, uma vez que falava do Senegal, nem ao menos sabe que foi protagonista de um evento lindo
Hoje, 23 anos depois, onde estará ele? Qual será o seu nome? Não importa. Ele estava lá, na hora certa, no lugar certo para ser o primeiro amor de uma garotinha de 4 anos.
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
Parafraseando Canção do Exílio de Gonçaves Dias
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
domingo, 29 de agosto de 2010
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
Em uma madrugada de três luas, colocou a sua tunica e descalça caminhou por entre os limites de sua terra, movida por uma intuição que chegava a causar-lhe mal estar. Sentiu uma força abruptmente lançar-lhe contra uma árvore sagrada da floresta. Ao abrir os olhos depois de tal movimento inesperado percebeu que a tão poucos centímetros de seu corpo encontrava-se um inimigo tenebroso. Porém, aquela dama mística percebeu que tal ser nefasto sangrava através de um talho no peito. Desejou curar a ferida, não poderia agir de maneira contrária a sua natureza, embora em sua peregrinação tenha se tornado uma guerreira, conhecendo todos os perigos de ignorar a percepção.
Alguns silenciosos minutos se passaram enquanto as almas tão opostas se tocavam com os olhos. Então, o ser obscuro baixou o capuz de Anic e observou com certa admiração a cor púrpura de seus cabelos longos, as formas de um corpo pequeno e leve. Anic não temia, apenas observava o sangue escorrer por entre o peito daquele estranho. Ela sabia que precisava matá-lo ou seria ela quem morreria brevemente. Mas o sangue que jovarrava lhe hipinotizava. Era uma ''Thaira'', uma serva e como tal tirou de suas vestes um líquido verde em um recipiente pequeno e molhou a ferida aberta . Ali mesmo, exposta ao frio e a escuridão a criatura obscura ao sentir o toque das mãos daquela dama esquentar-lhe a ferida, aproximou-se o bastante para que as faces quase se tocassem. Passou a mão pelo pescoço de Anic e sintiu o amuleto que ela sempre carregava consigo. E pelo cordão que segurava a pedra mística a puxou para mais perto de si e os lábios inimigos se tocaram delicadamente. E por alguns segundos permaneceram quietos, até que o calor de ambos os lábios foi gradativamente aumentando e cedendo lugar a movimentos sincronizados, harmoniosos. Como se a jovem serva tivesse entrado em transe profundo, acordara sob a luz da primeira lua daquela terra onde não havia o dia. E imediatamente sentira falta de seu amuleto. Sentiu uma fúria crescer dentro de si e sentimentos desconhecidos a impulsionaram a agir racionalmente. Havia lembrado de tudo, havia sido lesada, ludibriada, subestimada. E imediatamente ultrapassou os limites de sua terra seguindo o rastro de quem desejava derramar o sangue. Na terceira lua , depois de muito caminhar, avistou uma figura que embora só tivesse visto uma vez lembrava cada detalhe de seu aspecto. A criatura sombria virou-se , novamente os olhos em chamas se encontraram. O ser nefasto aproximou-se da pequena Thaira com seu poder de persuasão e sagacidade de predador, a envolveu em seus braços não desviando os seus olhos dos dela. Anic retirou de dentro de suas vestes uma espada para intimidar o inimigo que por sua vez usou a ponta do instrumento para abrir novamente o talho no peito fazendo-o sangrar. Mais uma vez Anic sentia-se atraída por aquela fonte de sangue a jorrar, baixou o braço levemente, o suficiente para a criatura nefasta aproximar-se de sua face. Com tal movimento a jovem de cabelos púrpura reconhecera o seu amuleto juntamente com muitos outros no pescoço daquele que tão próximo ficava. Era o encontro de dois predadores, um por natureza outro por ocasião. E assim, com faces tão próximas, que os lábios quase se tocaramm quando Anic cravou sua espada no peito daquele em quem confiara. Sua túnica era banhada pelo sangue de seu inimigo que aos poucos encontrava o chão daquele lugar que desconhecia o dia. Anic contrariou sua natureza, feriu mortalmente o ser obscuro. Sabia ter feito o necessário, mas desejava ter optado pelo contrário. E em meio as contradições de sua alma, guardou a espada, ajoelhou-se próximo ao corpo e sentiu através de uma lembrança que em tais lábios que agora estavam frios, haviam o poder de neutralizar quem os tocasse. Lábios carmesim que foram molhados não mais pela saliva daquela, mas pelas lágrimas que brotaram de seus olhos. Naquele momento aquele ser místico da floresta conhecera pela primeira vez as águas estranhas que os olhos escondem .
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quinta-feira, 19 de agosto de 2010
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
sábado, 7 de agosto de 2010
As sombrancelhas sinuosas contornavam um olhar obscuro. Doces trevas presas em contornos perfeitos, adornados por longos cílios de movimentos delicados. O aroma de lavanda do quarto sempre escuro expandia-se juntamente com a fumaça que emanava dos incensos, tornando o ambiente ainda mais místico, enigmático.
Lençois quase tão aveludados quanto a pele recebiam com êxtase um corpo leve de belas proporções cuja sombra se projetava engenhosamente na parede. A luz de duas velas faziam movimentos graciosos naquela figura humanamente surreal. Meia taça de vinho em um criado mudo rústico denunciava o hálito suave de lábios que raramente pronunciavam alguma palavra.
O silêncio era o espectador e cúmplice da mente inquieta de alguém que não fazia sentido. A escultura de uma bruxa parecia fitar a jovem harpista na meia luz de seu quarto púrpura, mas não era o único elemento de decoração exótico ali. Telas inacabadas, livros velhos sistematicamente organizados e borboletas de madeira acima da cabeceira da cama.
Almofadas num tom de esmeralda contrastando com o edredom beringela. A tinta fresca de uma das telas exibia uma pintura recentemente feita: borboletas coloridas sobrevoando um poço fixado no centro de uma floresta boreal sombria e gélida.