quinta-feira, 30 de setembro de 2010






O outro lado de mim é aquele que dificilmente mostraria a alguém. É um lugar onde habita a escuridão e chove água salgada.


quarta-feira, 29 de setembro de 2010


Desperdício



Em vão se luta
Em batalhas vencidas
E o cansaço
Ignorando as feridas
Resiste bravamente

Aniquilando a covardia
O guerreiro não se entrega
Anseia morte digna
Porque o viver é a luta
As cicatrizes o destino
E o trófeu de sangue
Jaz neste peregrino









sábado, 25 de setembro de 2010



Insônia




Um pouco de café
A vista turva ,embaçada,
A barba por fazer
É madrugada
Nem sabe o quer
Apenas sente o desejo
Acende o cigarro
Esquece os beijos
Entre elas e os papos
Os retratos e os tratos
Nas trevas de um quarto
Onde oculta os fatos
E tudo entedia
Entre lapsos de mémoria
Me chama, me toma
Muda a história
Burla o orgulho, engana o sono
Fecha os olhos e sente
Me esconde, me guarda
Só para si ele mente











sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Sufocada


O grito implode
A fala cala
Entre os destroços
Caminho descalça
Desprotegida
Traumatizada
Contemplo o caos
De uma fúria contida
Palavras reprimidas
Reduzidas a nada
Gravemente ferido
O orgulho agoniza
Sentimentos dizimados
O silêncio no vácuo
As vielas em mim
Todas elas destruidas




quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Meu coração tem um dom. Sim, vários, para falar a verdade. Mas ele é especialista na área de pregar peças. Bem humorado, para não dizer : palhaço. Faz da minha mente um picadeiro. Cheio da gracinha, como quem não quer nada e está só de passagem, vai ganhando espaço e se apoderando de tal forma que se sente em casa. Folgado e espaçoso, confunde tudo, mexe no que não deveria, muda a ordem das coisas . Faz uma bagunça!!!
E as piadas então? Ele é tão convincente, tão astuto e cênico. Parece se divertir com a minha cabeça. Faz gracejos, rir á toa, não se cansa. Confunde tudo. Tem dias que desafia a mente em duelos dolorosos e longos. Fico exausta. Repreendo -o tantas vezes como se um dia ele fosse compreender que o seu jeito machuca. Que suas trapalhadas são inconsequentes e que as vezes os espectadores sorriem somente para não ter que desapontá-lo.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

É o teu fôlego que interessa
Não tenho pressa
Em roubá-lo
E tomá-lo
Num ato de posse
Te fazer presa
É o teu fôlego que eu sondo
E o que propronho
Não seria trégua
Nem entrega
Mas um duelo de insitntos
De olhare famintos
É o teu fôlego
Que eu quero sentir
E assim possuir
Aquilo que me pertence
A tua luta, teu desafio
Rejeito tua paz
A tua fúria é o meu brio




sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Homicidas


Já morri inúmeras vezes. Se fosse contabilizar ( considerando toda a minha existência), iria precisar de muito tempo. Engana-se quem em suas conjecturas, pressupõe que só há uma forma de falecer. A morte não é apenas o fim da matéria. Todos os dias morremos. Diariamente somos atingidos de maneira fatal por olhares furiosos, tristonhos, opacos, frios, indiferentes. E como mísseis precisos atingem a alma.

Algumas outras vezes, são as palavras que corroem com o pior dos ácidos: o desprezo. Abraços negados e sentimentos rejeitados como lâminas dilaceram o âmago. Todos os dias morremos. Quer seja homicídio ou suicídio. Sim, suicídio. Também ingerimos gotas letais de nosso próprio veneno. Com orgulho exarcebado e arrogância desmedida nos autofalgelamos. Todos os dias matamos.

E o curioso é que tememos perecer como se esse fenômeno fosse incomum, desconhecido. Ignoramos o fato de que o '' deixar de respirar'' faz parte da vida e fingimos não saber que é contra a natureza da alma ferir outras almas . Lamentamos o adeus eterno com tanto pesar que chega a ser ironico. Pois cotidianamente matamos o que há de mais belo nas pessoas: a essência.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Inaudível



Todo discurso é inútil. Toda a fala é vã. Quem profere palavras anseia que elas toquem com a mesma intensidade dos sentimentos que as produziram. Quem as recebe, seleciona o que lhe parece relevante e despreza o que aparenta não ter significado algum.

E no desejo desesperado de se expressar dizemos implicitamente : ''me ouça, me olhe, me toque, me sinta''. Mas é como se tudo fosse inaudível ao outro. A comunicação acontece parcialmente, as tentativas frustadas nos remete á monólogos, sem espectadores.

Daí, recorremos a outros meios de extravasar. Creio eu que por esse motivo foram criados os diários, os livros e os blogs. Para que ao nos recolhermos em nossa insignificância aparente, pudéssemos falar a nós mesmos, que somos nossos melhores receptores.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Precoce


O meu olhar era de admiração, de encantamento. Era isso mesmo. Encanto! Por razões que eu não saberia explicar contemplei aquele rosto minuciosamente. Fiquei alguns minutos paralisada, não conseguia assimilar os acontecimentos. Estava em uma festa, mas outra festa acontecia simultâneamente , dentro de mim.

A ingenuidade do que sentia era compatível com a inocência dele. Era noite. Poderia ser mais perfeito? A mémoria apenas reforça agora o que sempre tive convicção: a escuridão noturna me rege. Eu não queria nada, nem que ele me visse , nem que me conhecesse. Desejava apenas observá-lo e dessa maneira já era perfeito demais.

Recordo- me da música que celebrou nosso encontro. Aliás, eu o encontrei, ele nunca me encontrou . Tomei posse da sua existência naquele momento. Uma vida que passou a me pertencer eternamente. Menino alvo de cabelos negros, que ao som de uma melodia nada apropriada, uma vez que falava do Senegal, nem ao menos sabe que foi protagonista de um evento lindo

Hoje, 23 anos depois, onde estará ele? Qual será o seu nome? Não importa. Ele estava lá, na hora certa, no lugar certo para ser o primeiro amor de uma garotinha de 4 anos.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Alma poética




Minha alma é minha terra
Onde posso descansar
Rimando amores e dores
Vivo a me deleitar
Colhendo estrelas de olhares
Fazendo de sorrisos as flores
Componho assim o meu mundo
Com várias fragrâncias e sabores
Em cismar- sozinha escrevo-
Com rimas, versos e poesia
Nas noites e madrugadas
No ápice da nostalgia
Minha alma é minha terra
Onde posso me encontrar
Lá estão todos os sonhos
Que se pode imaginar
Até mesmo o impossível
Pode se concretizar
Nãao permita Deus que eu viva
Se não puder desfrutar
A magia em cada vida
O encanto em cada olhar
Se lágrimas regarem a alma
Inda assim, escolho amar

Parafraseando Canção do Exílio de Gonçaves Dias



quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Quando te apresentarem o amor, o respeito e a consideração de uma amizade, não tente interpretar. A distração te fará perder a poesia e a legitimidade da demosntração. Apenas receba e deleite-se, raras são as ocasiões em que afetos sinceros são sentidos, vividos ou expostos.