sábado, 12 de janeiro de 2013


O sorriso mais lindo do mundo 



De repente você elege um sorriso. Aquele será seu para vida toda. Um sorriso meio torto, precedido por olhos de gotinha. Gotinhas azuis que poderiam muito bem ser verdes, pretas, não importa. Sorriso que se completa com covinhas. E o sorriso tão lindo e atrevido abre seu coração e acomoda-se porque corações infantis são abrigos.

Sabe por que gosto de sorrisos? Porque eles não morrem. Porque podem ser nossos sem consentimento. Desconfio que já sabia disso quando criança. Abriguei tantos e tantos quanto pude! Mas o dele era especial. Desses que revelam a alma. Desses que arrancam suspiros.

O menino do sorriso torto é Corey Haim. O meu pequeno príncipe. O meu garoto perdido. E antes que você termine de sorrir vou alertando: Dá licença que o sonho é meu? Corey representa uma geração de crianças que não precisava de muito pra ser feliz. Sessão da tarde depois da escola? Ah tá tranquilo então!
Revendo clássicos dos anos 80 sempre chego a mesma conclusão: Corey não atuava, ele se divertia. Acho que é isso que sempre me encantou nele. Ele gostava do que fazia e fazia muito bem. Sei disso porque eu entendia o seu sorriso. E ele me dizia que essa era a sua droga. E o fim disso também lhe levaria a outras drogas, infelizmente.

Aquele sorriso era o meu ópio infantil. Era o portal para o castelo que o mundo não me dava. Era predestinado a me pertencer. Tudo que consegui juntar dele na época foi uma fotinha dessas revistas adolescentes estilo capricho. Tempos difíceis esses que a internet não era pop. Ainda bem que foi só uma. Nunca fui dessas garotas que colecionavam álbuns de seus ídolos. Sempre fui chegada a uma intimidade. Ele já era meu. Não tinha que ficar agindo como uma fã. Rá!

Eu acredito em sorriso surreal porque tive a sorte de ver um. Sei que ele era especial. Quase 25 anos se passaram e ainda não vi um sorriso torto e lindo ao mesmo tempo. Era uma exclusividade do Haim. Nem Freud explica minhas obcessões mirins. Crianças costumam ver mágica onde adultos não veem. Não era só o rostinho lindo, era a boca. Não era só a boca, era um sorriso. Não era só um sorriso, mas um código, um sinal.

Foi com ele que aprendi a captar sorrisos, decifrá-los e a abrigá-los. Foi com o Corey que descobri que o sorriso tem poder. Uma menina apenas, nem 10 anos completos e já sabia eternizar almas em mim.

Espero que haja sorrisos seus em outro lugar . Espero que seu sorriso não tenha se apagado eternamente. Espero que não exista apenas uma possibilidade de encontro. Espero que a vida não seja só o começo de um fim. Enfim espero que existam outros mundos e com eles outras chances de meu sorriso encontrar o seu.